* Equipe Trinta e Seis informa: seleção feita a partir do gosto pessoal dos colaboradores, não temos nada a ver com isso.

Novo ano, mesmas listas.

STEVEGUNN

Por André Araujo

2014 foi um ano mais difícil que o habitual, não temos dúvida quanto a isso. E essa tretagem contínua que não parece ter fim certamente influenciou nos discos que a gente escolhe pra escutar durante o ano. Não sei vocês, mas aqui o zeitgeist musical influi de forma determinante no CLIMA do cotidiano, quando eu fico tentando entender através das musiquinhas o que está acontecendo e se tá todo mundo nessa dificuldade. Um cara que sacou bem o estado de destruição total proporcionada por esse ano (sem hipéboles aqui) foi o nosso amigo Steve Gunn, no disco Way Out Weather. A pilha de pedras e paus da capa do disco é o seu testamento de que, se não foi fácil pra nós, pra ele também não foi muito. Mas DAS PEDRAS QUE ME ATIRARAM CONSTRUIREI UM CASTELO, já dizia o orkut, e o músico responde à altura, não construíndo um castelo, mas colocando uns paninhos coloridos pra gente lembrar das dificuldades que passou com pelo menos um pouco de beleza. E é mais ou menos assim que o disco me soou. Como foi lançado em outubro, a melancolia das canções de Steve Gunn parecem estar comentando o ano, uma espécie de canção de vitória por ter sobrevivido às provações, mas sem afetação. É um mezzo-folk-urbanóide tocado por quem MANJA DOS PARANAUÊ INSTRUMENTAL, ecoando os bons momentos reflexivos do Wilco, com um breve toque de psicodelia, cara, que em muito lembra os discos solo do Kurt Vile (atual War On Drugs) e The Secret Machines (se alguém quiser arriscar um Elliot Smith aqui, eu não me oponho na aproximação). Um disco tri delicado, pra escutar deitado no chão de madrugada, como se a banda estivesse contigo no quarto (sim, o disco soa como se pessoas de verdade estivessem tocando seus instrumentos ao mesmo tempo no mesmo lugar). Não é um disco com pretensões revolucionárias, estripulias estilísticas ou que quer criar escola. É apenas um cara dizendo pra gente que através da melancolia estética ainda se pode achar beleza, sinceridade, delicadeza e reflexão no mundo, apesar de o ano ter insistido que não. E talvez fosse apenas isso o que a gente precisava.

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HEARSTRINGS

Por Jean Basegio

“Face it Blair, once upon a time, in a far-off land, you were a queen. Here you’re just a loser who will never fit it.”  – Georgina Sparks.

THEN YOU MUST BE DELUSIONAL! Os valores, vícios, sofrimentos prazerosos, contradições, preppy style e minions já não fazem mais parte dos trabalhos de Leighton Meester. Em Heartstrings, seu primeiro álbum de estúdio, a cantora SLASH atriz deixa muito claro que é muito diferente do papel que a fez famosa. Além do CD ser indie, há muitos elementos do countr;, como havia confessado em uma entrevista, muitas das inspirações nasceram nas gravações de Country Strong (2010). Em 2009, ela deu início a um projeto POP, voltado aos fãs gays que, desde sempre, idolatram Blair Waldorf. Pode-se dizer que deu certo: o seu feat no hit “Good Girls Go Bad” foi muito importante, o single teve ótimo desempenho nas paradas, mesmo tendo pouca divulgação. Mas não era exatamente isso o que ela queria e, em Heartstrings, temos a Leighton de verdade, sem tiara, sem drama e papo reto no que se diz respeito ao coração. Hoje, nossa eterna queen B é rainha da independência na indústria musical, tem sua própria gravadora e toma conta de sua carreira da mesma forma que tomou e participou da criação de cada faixa de Heartstrings. Podemos praticamente dizer que todo o drama envolvendo Chair (Chuck and Blair) na trama nunca poderia de fato acontecer na vida real de Leighton. Mas ok, a determinação como algo em comum entre Meester e Waldorf já nos basta. YOU GO INDIE QUEEN B!

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BANDADOMAR

Por Aline Bernardes

No primeiro semestre do ano, Marcelo Camelo e Mallu Magalhães anunciaram que estreitariam laços; de casal na vida a dois, passariam também a compor e a cantar juntos. Acompanhados do baterista português Fred Ferreira, nascia então a Banda do Mar. A gente já sacava a forte influência do Camelo nas canções da Mallu desde o último álbum solo dela, “Pitanga” (2011), mas ver os dois em um mesmo projeto é bem mais legal. Foi então que, poucos meses depois, eles lançaram o disco “Banda do Mar”, preenchendo um pouquinho do vazio deixado no coração dos fãs dos Los Hermanos. A mistura entre pop, rock e indie garantiu um bom disco de estreia. Entre as músicas mais delicinhas do álbum, estão “Mais Ninguém” (primeiro single, com direito à dançinha do Camelo no clipe), “Muitos Chocolates” (bobinha, mas dúvido quem não fique cantarolando depois), “Hey Nana” e “Solar” (com uma pegada Los Hermanos para os saudosos).  A Banda do Mar promete ser uma das grandes apostas nacionais no próximo ano. Os caras iniciaram a turnê em outubro, já estão com a agenda cheia e, em março do ano que vem, já marcam presença no  Lollapalooza.

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CARNEDOCE

Por Tobias Carvalho

Os tupiniquins salvaram meu ano de 2014. Foi um ano incrível para artistas brasileiros, mas, de todos os discos que eu ouvi, meu preferido foi o da Carne Doce, longe. Sabia pouco sobre a banda, mas já via que eles estavam angariando um hype enorme, muito talvez porque no começo a banda era um casal. Mal sabia eu que isso podia funcionar tão bem. O disco é tudo o que se propõe a ser: doce, sem ser enjoativo.  As guitarras bem dream pop se encaixam perfeitamente nos vocais apaixonados de Salma Jô. Quando baixei, troquei o nome da primeira música, “Idéia”, no meu iTunes, tirando o acento, logo depois ouvi e levei um soco. Percebi que todas as letras nesse disco são geniais e meticulosamente escolhidas. Os temas são tratados com uma simplicidade e uma poesia difíceis de achar: a sexualidade escrachada (“Passivo”), a desigualdade racial (“Preto Negro”), o vazio da cidade (“Sertão Urbano”), a infância (“Amigo dos Bichos”)… tudo é incrivelmente doce. De um jeito ou de outro, me apaixonei por todas as músicas do álbum e já ouvi mil vezes. E nunca mais pus sal na minha carne.

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LANADELREYULTRAV

Por Bruno Louzada

Desde o lançamento de Tropico, eu (e todas fãs) esperávamos ansiosamente por notícias de um novo álbum da Lana Del Rey. Em abril, Lana abriu os trabalhos de Ultraviolence com o lead-single “West Coast”, que foi, sem dúvidas, uma das melhores músicas do ano (diferente o bastante pra gerar dúvidas e opiniões divergentes, mas boa o bastante pra deixar todos mais loucos ainda pelo novo CD). Logo depois veio o álbum, fazendo a melhor estreia feminina do ano nos Estados Unidos até então. Ele, eu e uma caixinha de lenços de papel viramos melhores amigos sem ouvir outra coisa por meses. Lana compôs um álbum inteiro de músicas que são pra sentar e se acabar chorando por horas até cansar; o Dan Auerbach, do Black Keys, ficou com a produção do CD e foi a combinação perfeita. Lana abandonou de vez as batidas de hip-hop e as referências óbvias ao trabalho do Woodkid de seu primeiro cd e partiu pra um estilo bem mais melancólico (pra humilhar aqueles que já achavam a cantora muito deprimidinha). A voz de cantora de cabaret decadente da Laninha mergulhando no “Narco-Swing” do Auerbach fizeram meu ano mais melancólico e lindo. Minha preferida não tinha como ser outra além da épica “Brooklyn Baby”, mas completo meu top 5 com os hinos da depressão do século 21 “Pretty When You Cry” e “Sad Girl”, e com as violentas e deliciosas “Cruel World” e “Florida Kilos”. Um álbum difícil e denso, que mostra a cada faixa a evolução de um artísta. Um dos melhores lançamentos de 2014, sem dúvidas.

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CHETFAKER

Por Roberta Reis

Ao som deste álbum, eu sorri, chorei, dancei. Brincadeiras a parte, é tudo verdade. Apesar do preconceito inicial com o nome Chet Faker, ouvi por curiosidade o Built on Glass e não parei mais. Também descobri depois que ele é ruivo e barbudo (não decidi ainda se acho gato ou não, mas sei que muitos acham). A maioria das músicas tem uma vibe meio sex music, mas “To Me” já é mais triste (aquela letra, quero chorar) e “1998”, boa pra dançar de leve – gosto de me imaginar dirigindo, ouvindo bem alto, cantando e dançando com os ombros.

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