O mundo no geral é bastante confuso e é uma raridade de eu ter 100% de certeza em algo. Me parece que a vida é composta majoritariamente por momentos nos quais eu tento entender o necessário para poder sobreviver e manter a sanidade mental, falhando em grande parte das vezes. Porém, dentre todos os questionamentos esperando ansiosamente por respostas, existe uma única certeza alta e clara na minha cabeça: eu não estou sozinha.

Conversas no meu círculo de amizades se resumem a uma incerteza constante sobre estar tomando a decisão certa e a pergunta “o que estou fazendo com a minha vida?” aparece com frequência. Acho que esse sentimento de desorientação é praticamente unânime entre a geração Y e é compreensível que, mesmo diante das situações mais banais, nós sentimos medo e apreensão.

Tecnicamente, nós pertencemos ao mundo adulto. Temos mais de 25 anos, temos trabalhos e contas (demais) para pagar. Estamos passando pelas mudanças necessárias para sair da adolescência e mergulhar de cabeça em um universo regido por nós mesmos. O problema é que não nos sentimos preparados ou até mesmo no direito de tomar tais decisões.

Até esse ponto, todos os passos de nossas vidas foram planejados por outras pessoas. E tem sido assim desde o início da civilização ocidental, provavelmente. Nossos pais, avós, bisavós, todos seguiam um roteiro meticulosamente planificado por seus responsáveis: nasce, estuda, consegue um emprego estável, casa, tem filhos, vive feliz para sempre. Nossa geração é a primeira a ter 100% de liberdade para escolher o que fazer do seu futuro. Uma liberdade um tanto quanto tendenciosa, mas ainda assim pertencente a nós. Mesmo com a pressão externa, temos ao nosso alcance as ferramentas para nos rebelar e ser o que desejarmos, e isso assusta mais do que a ideia de viver em uma casa com cerca branca rodeados de filhos e sonhos frustrados.

De repente é esperado de nós certas tomadas de decisões: devemos pegar as rédeas de nossas vidas e escolher qual caminho é mais adequado ao nosso gosto. Acontece que nunca fomos ensinados a fazer isso. Nossa insatisfação deriva de um misto de sentir falta da orientação que tivemos a vida toda e o fato de que, na imagem que criamos na nossa cabeça com a ajuda da sociedade, nós estávamos pelo menos uns 20 passos à frente do que estamos agora.

No momento que planejamos o futuro e nos permitimos sonhar com a vida perfeita, nós estabelecemos aquilo como regra e a decepção de não atingir essa meta imaginária é esmagadora. A nossa realidade, ao não alcançar a expectativa criada, nos traz o sentimento de derrota, como se de alguma forma tivéssemos falhado com aquela pessoinha de 10 anos sonhando em ser presidente.

E como se a nossa própria cobrança não fosse suficiente, existe uma cultura que enaltece de maneira irreal os casos raros de sucesso, como se isso fosse o comum. Basta abrirmos nossas redes sociais e somos bombardeados com exemplos de vidas perfeitas. Por mais que tenhamos o conhecimento de que o conteúdo exposto a nós é uma fabricação irrealista, continuamos a tomar como exemplo as conquistas alheias e nos decepcionar com as nossas próprias.

Nós precisamos parar de se comparar e começar a se empenhar em entender nossa própria capacidade de realizar as coisas. Entender que os cenários que criamos são positivos somente se usados para nos incentivar a ser cada dia melhores, não para nos inferiorizar e criar uma imagem ruim de nós mesmos. Conhecer nossos limites, nossas ferramentas e, principalmente, nosso ritmo, para assim criar expectativas menos irreais e propensas a frustrações. Se for para se comparar, que seja com a versão passada de nós mesmos, proporcionando uma visão do quanto evoluímos e de todo o caminho que já andamos.

Não é sobre ter confiança 100% do tempo. Não existe uma pessoa no mundo que não duvide de seus planos e sonhos uma vez na vida; até as pessoas mais determinadas tem momentos de insegurança. A única solução é tentar. E errar. Aprender com esses erros. E tentar novamente. Não existe manual de instruções: a vida que tu leva é única e exclusivamente projetada por e para ti. Por mais assustador que pareça, a parte mais incrível é que tu pode escolher mudar os quesitos que estão te fazendo infeliz.

O genial F. Scott Fitzgerald escreveu a frase mais clichê do mundo sobre todo o dia ser uma nova chance de recomeçar e ela ficou gravada na minha memória. E desde então tem me dado esperanças de dias melhores quando eu sinto que nada do que eu faço é bom o suficiente ou vai me fazer feliz da maneira que eu anseio.

Se quer saber… nunca é tarde demais, ou no meu caso, muito cedo, para sermos quem queremos. Não há um limite de tempo. Comece quando quiser. Você pode mudar ou não. Não há regras. Podemos fazer o melhor ou o pior. Espero que você faça o melhor. Espero que veja as coisas que a assustam. Espero que sinta coisas que nunca sentiu antes. Espero que conheça pessoas com diferentes opiniões. Espero que viva uma vida da qual se orgulhe, e se você achar que não tem, espero que tenha a força para começar novamente.

 

Publicado por cindydarosa

Passo meus dias lendo e inventando uns cenário na minha cabeça.